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Companhia de Comércio do Ultramar, conhecida também como Companhia do Ultramar ou apenas COU, foi uma sociedade anônima brasileira, formada no período colonial colonial ao agrupar os negócios do ramo brasileiro da Família Médici no comércio da Índia, América e Europa.

Diferente das outras grandes empresas da época, não era fretada pela coroa metropolitana, pelo contrário. Ignorada pelo governo português na época, a COU se expandiria ao ponto de se tornar a empresa mais rica e poderosa de sua época, rivalizando com os poderes coloniais da Europa no comércio e na guerra e iniciando a onda colonial brasileira pelo mundo.

É considerada a primeira empresa multinacional do mundo, a primeira megacorporação, e a primeira a emitir ações. Era uma empresa poderosa, possuindo poderes governamentais, incluindo a capacidade de manter força militar e fazer guerra, aprisionar e executar condenados, negociar tratados, cunhar suas própria moeda e estabelecer colônias. Possuía prestígio e influência suficiente para ser tradada de igual pelas potências no cenário internacional. Um Estado em si, a COU foi uma das maiores potências do período colonial. Segundo o historiador Marcus O'Neill "a Companhia do Ultramar não foi só a primeira corporação da história, mas a primeira a ser mais poderosa que nações e a dominar a política e a economia de Estados inteiros. Na verdade, a COU foi uma força econômica e política digna das teorias de conspiração atuais."

O grande sucesso da COU não se deveu apenas à sua estrutura administrativa, independência política e capacidade de influenciar governos, mas também à perícia militar. Líderes como Emiliano Castranova, Lucio D'Ávila, Antonela Petrov, Roberto da Costa e Lorenzo Souza se tornaram famosos na época e inesquecíveis na história militar. Ainda segundo Marcus O'Neill, "A maior força da COU eram suas estratégias. A COU nunca venceria potências como o Império Otomano ou a Espanha, com grandes frotas e exércitos, sem suas estratégias brilhantes. A forma como eles uniam suas táticas militares com espionagem e conspirações para desestabilização político-econômica era única e, por séculos, inigualável".

Antecedentes e Formação[]

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Angelo de Medici. Fundador da COU e Duque de Nova Florença.

As origens da Companhia do Ultramar estão intimamente ligadas aos conflitos entre a elite econômica colonial, principalmente em Nova Florença, e as explorações de Angelo de Médici no interior do sertão. A descoberta de ricas jazidas de ametistas na pequena vila sertaneja de Caetité em 1551 levaria à criação da Companhia de Caetité, ancestral da COU. Até o século XVIII, a ametista foi considerada uma das gemas mais valiosas no Velho Mundo, ao lado do diamante, esmeralda, rubi e safira. O valor das minas de Caetité levaria Angelo a mantê-la em segredo e convencer o rei D. João III da conceder-lhe o monopólio da extração, talha, confecção e comercio das gemas. Portugal era um reino pouco populoso à época e uma descoberta tal, temia o rei, poderia gerar uma corrida mineira que esvaziaria o reino.

O acúmulo de capital favorecido pela extração das gemas, além sua talha, uso na confecção de joias em Nova Florença e exportação permitiria a Angelo de Médici realizar um sonho antigo, unificar o império empresarial da família e colocar as elites econômicas da colônia sob seu controle e proteção. Para isso, fundou a Companhia de Comércio do Ultramar (COU) em 1560, reunindo sob sua bandeira todos os negócios dos Médici brasileiros e abrindo uma parte de seu capital ao investimento privado, criando para isso a Bolsa de Valores de Nova Florença em 1562, a primeira da América e uma das mais antigas do mundo.

Angelo conseguiria satisfazer mais do que seu objetivo original. Atraídas pela novidade do negócio e por suas promessas de lucro e poder, as elites comerciais da colônia se reuniriam sob os Médici em um objetivo comum através de investimentos na COU e seu crescimento espantoso reforçaria as amarras que uniram essas elites.

Tal união influenciaria grandemente a história do Brasil. Até então um grupo social poderoso, mas desunido, as elites comerciais conquistaram sua liberdade ante a metrópole portuguesa a duras penas. Agora unidas, se tornariam a maior força política da colônia, dominando a política no Magistério até o fim do Período Mineiro.

Expansão Comercial e Colonial[]

Como entidade formada pelo aglomerado de todos os negócios do ramo brasileiro da família Medici, a COU possuía negócios espalhados por todo o mundo. O Banco Medici já possuía influência considerável em diversas nações europeias. Muitas pagavam suas dívidas com direitos comerciais.

Com a União Ibérica de 1580 a 1640, a COU, que apoiou o rei espanhol em sua alegação ao trono português, passa a dominar o comércio de especiarias para a América Espanhola.

Em 1568, é terminada a construção do Arsenal, em Nova Florença. Inspirado no Arsenal de Veneza, usava de um eficiente método de produção em massa para a construção de navios, canhões e instrumentos náuticos. Abrangendo uma área de mais de 260 acres, o Arsenal usava de um sistema que produzia peças pré-fabricadas quase idênticas uma da outra para depois simplesmente montar os navios. Empregava 19.000 pessoas, dos mais de 150.000 habitantes que a cidade já possuía, podendo construir dois grandes navios por dia. Em 1575 a COU já possuía uma frota de 120 navios de guerra e 200 navios mercantes. Em 1566 funda a Escola de Navegação, um centro de sistematização e ensino dos conhecimentos e técnicas, náuticas, geográficas, astronômicas e cartográficas, além da capacitação de marinheiros e oficiais.

Assim a COU tinha uma frota mercante capacitada a transportar cargas pesadas e volumosas ao longo das rotas marítimas, uma frota de guerra poderosa para destruir todos os inimigos que cruzavam seu caminho, uma fábrica ágil e bem equipada de navios e instrumentos náuticos, permissão para navegar livremente pelos grandes impérios português e espanhol, unidos pela União Ibérica de 1580 a 1640, e capital fornecido pelo Banco de Médici.

Em 1568 a COU funda sua primeira colônia, conquistando uma área ao norte da Ilha de Terra Nova, na América do Norte, com o objetivo de controlar uma rica fonte de pescado e peles. Com o tempo, o domínio da COU se estendeu mais ao norte para Labrador e a Ilha de Baffin. Lá foi descoberto um novo produto que poderia ser comercializado: o corno de narval. Cetáceo nativo do Pólo Norte, o narval possui um corno (na verdade um dente) de marfim em forma espiral. Na Idade Média, os cornos de narval eram vendidos na Europa pelos vikings, que diziam ser chifres de unicórnio. Com a expansão da baleação de narval pela COU. o marfim de narval inundou a Europa, gerando imensos lucros a COU. Outro produto encontrado na região eram as peles de urso polar e de raposas do ártico, apreciadas pela elite da Europa.

Com a expansão da influência comercial da COU no Mar Báltico, principalmente através de privilégios garantidos pelos Estados do Sacro-Império Romano como pagamento de dívidas, a COU entra em conflito com uma Liga Hanseática decadente, mas ansiosa manter seu status no comércio báltico. A Guerra da Hansa (1591-1595), que reuniu as principais cidades da Liga, terminou com uma surpreendente vitória da COU e a mudança total do status quo da região. Com grande influência sobre a Dinamarca, a Suécia e o Sacro-Império, a COU derrotou a Liga sem interferências, garantindo sua hegemonia no comércio da região, monopólio do comércio de âmbar, soberania sobre a cidade báltica de Riga, e o direito de vender seus produtos exóticos e atracar e reabastecer nas cidades da Liga.

Entre 1600 e 1630, fundou a colônia de Lagos, no Lago Michigan, atuais EUA; conquistou os reinos de Ifé e Benin na África, o resto da ilha de Terra Nova na e a região de Labrador América do Norte; tomou a Córsega na Guerra Brasílico-Genovesa (1627-1630); conquistou o Áden e os tornou-se protetora de Abu Dhabi, na Arábia; e criou muitos entrepostos comerciais na Índia.

A COU vendia à China olancelo, propelinas e aço neoflorentino, produtos que caíram no gosto chinês. Em 1653, o governo imperial chinês permitiu à COU estabelecer uma presença diplomática permanente na China e em 1656, arrendou a região de Weihai à COU. Entre 1653 e 1842, a COU (o Brasil depois de 1835) foi o único governo ocidental a possuir uma presença diplomática permanente na China.

Com a Guerra Veneziano-Brasileira (1632-1640), tomou a ilha de Creta dos venezianos. Em 1642, se aproveitando de um vazio de poder de 20 anos e da decadência do Império Turco a COU levou várias campanhas militares contra o Império, as duas chamadas Guerras Turco-Brasílicas (1642-1645 e 1653-1668), tomando diversos territórios e conseguindo muitos privilégios comerciais. Conquistou a Criméia, aliada dos turcos, diversas ilhas no Egeu, as cidades de Sur e Ácaba, a ilha de Chipre, direito a livre-navegação nos mares sob o governo do império, direito a livre-comércio nas principais cidades do império, o direito de instalar uma filial do Banco Médici em Constantinopla, e o reconhecimento turco sobre o domínio da COU em Creta. Em 1673, o sultão tentou recuperar os territórios e o orgulho perdido, iniciando a Terceira Guerra Turco-Brasílica. Num primeiro momento os turcos venciam, mas após uma reorganização por parte da COU, os turcos foram derrotados. Além de recuperar os territórios perdidos, a COU ainda ganhou o direito de instalar filiais do Banco Médici em Damasco, Atenas, e Alexandria. No fim do século XVIII, o comércio internacional do Império Turco estava totalmente dominado por estrangeiros, principalmente brasileiros, franceses e venezianos. Em 1650, comprou terras na ilha alemã de Rugen, então pertencente à Suécia, onde ergueu o porto e a cidade de Zenith, hoje uma cidade autônoma do reino do Brasil.

Um poderoso império naval, no século XVII a COU ficou conhecida como o “Império do Mar” e o Atlântico sul, o Ártico e o Índico ficaram conhecidos como os “Mares Brasílicos”.

A COU participou de muitas guerras europeias, direta ou indiretamente, conseguindo grandes vantagens comerciais na Europa. Sua participação na Guerra Filipina 1580 permitiu ao Brasil manter sua liberdade sob domínio espanhol e privilégios comerciais. A Guerra de Sucessão Espanhola (1702-1713) lhe rendeu o domínio de Cádiz e Ceuta e o reconhecimento definitivo da Grã-Bretanha (aliada) e França (inimiga) de seu domínio sobre as colônias de Terra Nova e Labrador, Ceilão e Bengala Oriental. Em uma tentativa de enfraquecer a Grã-Bretanha, cada vez mais hegemônica no mar, participou da Guerra de Independência Americana (1776-1783) ao lado dos rebeldes americanos, da França e da Espanha.

O "Grande Plano" e Declínio[]

O declínio da COU se iniciaria abruptamente no início do século XIX com a ascensão do governo napoleônico na França. Acumulando enormes poderes executivos desde 1799, Napoleão começou a minar a influência econômica da COU na França. O chamado "Grande Plano" tinha como objetivo solidificar a influência francesa na Europa. Conforme conquistava países e fazia aliados, Napoleão tentava substituir a os negócios da COU nesses países por capital francês, além de proibir esses países a comercializar com a COU, de forma semelhante ao Bloqueio Continental, decretado contra a Grã-Bretanha. Infelizmente, a COU não resistiu tão bem quanto os britânicos.

Em 1807, simultaneamente à invasão francesa de Portugal, seus aliados espanhóis ocuparam brevemente Cádiz, mas desocupam para combater os franceses, após a traição da França sobre a Espanha. Como último ato nas Guerras Napoleônicas, a COU escolta a família real portuguesa ao Brasil. Desde então, a COU se preocuparia em manter suas possessões coloniais e se recuperar do baque que foi o fim de seu comércio na Europa.

As possessões europeias da COU também sofreriam. A Zenith é tomada pelos franceses em 1810. Creta é cercada pela frota francesa e o Chipre é bloqueado. Riga é tomada pelos suecos em 1812.

Com o fim de Napoleão e o Congresso de Viena, as potências europeias tentam restabelecer o status quo prévio. Zenith e Cádiz são devolvidas à COU, mas Riga é entregue à Rússia, Ceuta à Espanha e Sur e Áqaba é devolvida aos turcos.

Nunca recuperada das consequências do "Grande Plano", a COU continuaria a resistir fortemente à decadência. Sua última grande intervenção política seria com a Guerra de Independência Brasileira (1821-1823) ao apoiar os brasileiros na invasão de Portugal. Em 1825, vende Lagos aos Estados Unidos.

Apesar de ter conseguido manter seus domínios coloniais, a COU seria definitivamente dissolvida em 1835 pelo governo brasileiro, que assumiu o controle de todas suas colônias, tropas e posses.

Legado[]

A Companhia do Ultramar teve impacto duradouro na História Mundial. Foi a primeira encarnação da expansão colonial brasileira. Em sua expansão, exportou produtos, cultura e a lingua portuguesa dos brasileiros. Teve papel fundamental na expansão de língua portuguesa pelo mundo e em impulsionar a economia brasileira no período colonial. Alguns historiadores também concordam que a COU foi fundamental na manutenção dos direitos civis brasileiros garantidos pela Santa Carta dos Direitos, como uma entidade poderosa e rica, teve influência sobre a política portuguesa para garantir sua manutenção.

Produtos[]

Na época, os brasileiros comercializavam diversos produtos, principalmente:

Do Norte da África: ouro, trigo, cavalos, cevada e aveia;

da África Ocidental: ouro, marfim, pimenta-malagueta, corantes, tecidos e peles;

da África Oriental: âmbar, cerâmicas, cobre, marfim, ouro, peles, pérolas, ferro, tecidos, corantes e sândalo;

da Península Arábica e Império Turco: arroz, pedras preciosas, pérolas, cavalos, sal, ferro, incenso, almíscar e tâmaras;

da Índia e do Ceilão: canela, cravo, noz-moscada, marfim, pimenta, cardamomo, açafrão, musselinas, corantes e pedras preciosas;

do Mar Báltico: trigo, cobre, âmbar, cevada, aveia, mel, madeira, cânhamo, alcatrão, cera, peles, resina, arenque e cerveja;

do Extremo Oriente: canela, cravo, pimenta, aloés, cânfora, sândalo, pedras preciosas, jade, metais, algodão, porcelana, cerâmicas e seda;

de Creta, Chipre e da Córsega: vinho e azeite de oliva;

da América do Norte: milho, trigo, carvão mineral, ferro, madeira, rum e peles de castor, raposa e urso;

da América Espanhola: ouro, prata, âmbar de Hispaniola, plumas, lãs de lhama, alpaca e vicunha

do Ártico: gordura de baleia, peles urso polar e raposa-do-ártico, chifres de narval e peixe-seco;

das Cidades Livres: vinho, cerveja, peixe-seco, centeio, garranto (whisky patagônio), trigo, aveia, peles de foca, óleo de baleia, lã de ovelha, guanaco e alpaca, manteiga e queijo;

e do Brasil: pau-brasil, couro, algodão, plumas, cachaça, rum, canela, pau-cravo, guaraná, anil, baunilha, pimenta, gengibre, erva-mate, madeiras, propelinas e tecidos de algodão, olancelo, cerâmica, corantes, ametistas, joias, artefatos de aço, navios, espadas, canhões, peixe-seco, frutas secas, licores, vinho do sertão, doces e manufaturas diversas (o açúcar, o tabaco e o cacau eram monopólio português).

Entre os produtos comercializados havia seis produtos brasileiros únicos e de grande valor comercial:

Propelinas[]

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Vestimentas de propelina normalmente usadas no período colonial pela população geral.

Propelina (Propelinum/Propelin) é um tecido fabricado a partir do Linho-do-Sertão, cuja nomenclatura científica é Propelinum brasiliensis. Apesar do nome, não é uma das muitas espécies de linho. Remanescente da pré-história, é a última espécie (incluindo suas subespécies) do gênero Propelinum (do latim prope, falso, e linum, linho). Diferente das variedades de linho verdadeiro, é adaptada ao clima semiárido do sertão nordestino e ao solo das margens do rio São Francisco. Era cultivado pelos índios Koreni para a produção de redes, cordas e cabanas. Seu cultivo pelos colonos brasileiros se iniciou na década de 1530 após o contato com os Koreni. As fibras de linho-do-sertão são mais maleáveis, finas, elásticas e resistentes que as de linho, são também de mais fácil tingimento e , as variedades mais finas, mais brilhantes, semelhantes ao cetim. O fato de não esquentar facilmente ao calor do sol também tornou a propelina muito apreciada como vestimenta pelos brasileiros. 

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Em sentido horário: nobres florentina e espanhola do século XVII; nobres britânica e francesa do século XVIII; moça burguesa britânica do século XIX; e atriz americana Cassandra Cho em 2010. Todas trajadas em propelina fina.

Até o início do século XVI, vestimentas de propelina se espalharam por todas as classes sociais da colônia, e as variedades de maior qualidade (propelina fina) se tornaram símbolo de distinção entre as elites coloniais. Sua fibra, as variedades mais rústicas (propelina brava), também era usada para a produção de redes, cordas, velas de navegação, papel e sacas, alimentando diversas atividades econômicas, principalmente a têxtil de vestimentas, renda e damasco. Suas sementes eram usadas na alimentação e produção de tintas e óleo combustível para lâmpadas.

A partir do século XVI, o Brasil passou a exportar grandes quantidades de propelina fina para a Europa, contribuindo ainda mais para a balança negativa que os países europeus possuíam em suas relações com o Brasil. A propelina tornou-se um símbolo de distinção e produto de luxo não só na Europa, como também no mundo muçulmano, na Índia e China. Ainda hoje a propelina é uma matéria-prima têxtil importante, cultivada principalmente no Sertão nordestino.

A cidade de Mayen, capital da província de São Francisco, foi por todo o período colonial o centro da industria de propelina, o que fez da cidade, unida à sua localização junto ao navegável rio Grande que é afluente do São Francisco, um grande entreposto comercial. A Feira de Mayen, é a maior e mais antiga feira de tecidos da América e uma das maiores do mundo.

Aço Neoflorentino[]

Aço Neoflorentino é uma liga metálica (aço) de alta qualidade desenvolvida em Nova Florença em meados do século XVI. Produzido a partir de ferro-vanádio e manganês (minerados no norte da Bahia) usando o Processo Montês, criado em 1551, o aço neoflorentino era mais durável e resistente à corrosão que qualquer aço então existente, tinha uma porcentagem de carbono de em média 0,9% e poucas impurezas. Era também mais brilhante e duro. O segredo da fabricação dessa variedade de aço ficou nas mãos de umas poucas famílias neoflorentinas até o século XIX. Essas famílias sabiam que só podia ser produzido a partir do ferro extraído de certas jazidas no interior da Bahia. Hoje, sabe-se que tal ferro formava uma liga natural com o vanádio, cujo efeito nas ligas de aço só seria descoberto no século XX. Também o manganês, utilizado no processo de produção do aço neoflorentino, só seria descoberto no Velho Mundo em 1774 pelo sueco Johan Gottlieb Gahn.

Usado na produção de talheres, punhais, espadas, instrumentos náuticos, armas, canhões e diversos outros materiais, foi um dos produtos de exportação mais valorizados produzidos em Nova Florença. Era procurado em todo o mundo. Os brasileiros usavam intensivamente o aço neoflorentino no comércio com a China, os chineses valorizavam bastante a liga e tentaram em vão por séculos copiar sua composição.

Olancelo[]

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Olancelos.

Olancelo (Ollamcelus) é um tipo de cerâmica desenvolvido no fim do século XVI em Heráclion. Assim como outros materiais brasileiros valorizados, sua fórmula foi mantida em segredo por séculos por algumas poucas famílias. Considerado um tipo de grés ou porcelana, é conhecida por seu acabamento fosco e produzido em uma variedade de cores diferentes, das quais a mais comum é azul pálido, e decoração em relevo aplicada. Tornou-se produto valorizado na Europa, Turquia, Índia e China.

Vinho do Sertão[]

Vinho do Sertão é uma variedade única de vinho criada no Brasil durante o fim do século XVI e início do século XVII.

Embora tenha-se produzido uvas no sertão nordestino desde 1530, a produção vinícola nunca foi favorecida. As espécies cultivadas, o clima, o sol forte, tudo isso desfavorecia a produção de vinhos na região. Essa situação só mudaria com o surgimento das variedades de Chevron, Marina e Coral em algum momento entre as décadas de 1550 e 1580. Não se sabe suas origens, mas há teorias de que tenha surgido de seleção artificial ou mutação. Essas variedades tornaram-se bem adaptadas ao clima sertanejo e permitiram o surgimento de uma importante cultura vinícola na região. 

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Vinho Rubro, mais conhecido como Vinho de Sangue, uma das variedades de vinho do sertão mais famosas e consumidas.

Os vinhos do sertão encontram-se fundamentalmente em três variedades, que se tornaram bem apreciados por enólogos a partir da década de 1640:

  • A variedade rubra, conhecida principalmente como Vinho-de-Sangue, é a mais famosa, caracterizada sua coloração rubra viva.
  • A variedade branca, conhecida principalmente como Fransciscano, caracterizado pela cor amarela clara e cintilante, que lembra a prata.
  • A variedade tinta, conhecida principalmente como Garanhuns, semelhante aos vinhos tintos europeus.

Cada uma dessas variedades está dividida em dezenas de outras variedades diferentes.

Ainda hoje a produção de vinho é uma atividade importante no sertão nordestino, desde os vinhos semi-artesanais até as grandes produções mecanizadas. O Brasil é um grande consumidor (aprox. 32 litros per capita ao ano) e produtor de vinho (7º em 2015), que além do vinho do sertão também produz vinhos de clima mais temperado no Sul. O vinho do sertão é a variedade não-europeia mais consumida pelos europeus, e a conhecida há mais tempo.

Embora países como Angola, Indonésia e Índia produzam vinhos no estilo sertão, o Brasil possui tratados com 189 países para que apenas os vinhos vindos do Brasil e registrados pela IVS possam ser rotulados como "Vinho do Sertão", embora possa-se rotular os produzidos em outros países como "tipo sertão", por exemplo.

Patrimônio Cultural do Brasil pela UNESCO, o vinho sertão é regulado pelo Instituto de Vinho do Sertão (IVS), que é um órgão oficial pertencente ao Ministério da Agricultura e é uma instituição fundamental na promoção da indústria e do conhecimento de fazer vinho do sertão.

Erva-Mate[]

Cerâmica Marajoara[]

Estabelecimentos no Brasil[]

A sede da empresa em Nova Florença, a partir da qual grande parte do império foi governado, foi o Palácio Angelino, na Rua dos Arcos. O palácio foi ampliado quatro vezes ao longo dos 275 anos de história da COU. Com a dissolução da empresa, o palácio passou para a propriedade do Estado brasileiro, sendo convertido em 1841 no Museu Imperial da Companhia do Ultramar.

O Arsenal de Nova Florença, um complexo de estaleiros navais sem igual no mundo pré-industrial, foi uma das maravilhas da engenharia brasileira. Construindo navios, armamentos, uniformes e instrumentos náuticos com um método engenhoso de produção em massa. Foi fundamental para a expansão do poderio naval da COU. No seu momento de máxima eficiência, o Arsenal empregava cerca de 19 000 pessoas que aparentemente eram capazes de fabricar dois navios e podiam ter pronta, armada e aprovisionada uma nova fragata com técnicas de produção em massa baseadas numa produção em série que não se voltaria a ver senão na Revolução Industrial.

A Escola de Navegação foi undada em 1566, como um estabelecimento para a formação de marinheiros, astrônomos, matemáticos, contadores, funcionários de Estado nas colônias e oficiais. É hoje uma faculdade de ciências náuticas.

Além da Bolsa de Nova Florença, inicialmente responsável apenas pelo comércio das ações da COU, a empresa também possuía bolsas em Belém, Salvador, Veraluna, Montressa e Rio de Janeiro.

A COU no Império Português[]

Influência Política e Relações Internacionais[]

Forças Militares[]

A utilização de forças militares pela COU se confunde com o próprio inicio da companhia. Quando Angelo de Médici descobriu as ricas jazidas de ametista em Caetité e fundou a Companhia de Caetité em 1551 percebeu que seria necessário a contratação de tropas para que fosse feita a segurança e proteção das minas. Como a localização das minas bem como sua exploração eram mantidas em segredo não seria possível utilizar de tropas da Força de Autodefesa Colonial (FAC) para a função de proteção. Por esse motivo Angelo de Médici contratou Hans Staden, um mercenário alemão ao qual conheceu e ficou amigo durante uma expedição, para que o mesmo pudesse contratar e organizar as tropas e a defesa das jazidas. Porém as tropas mercenárias contratadas por Staden eram pouco confiáveis e em 1555, as mesmas juntamente com alguns trabalhadores das minas se viraram contra Companhia Caetité sequestrando cargas e funcionários, e exigindo resgate, numa situação que ficou conhecida como Revolta das Minas. Apesar de a existência das minas ser sigilosa, Angelo teve que pedir auxilio de tropas das FAC para acalmar a situação. Apesar de não ter pago o resgate exigido pelos mercenários, tal fato ainda assim trouxe grande prejuízo a Companhia do Caetité.

Sendo assim quando a COU foi criada em 1560 os Médici perceberam que não teria o apoio do império português em suas expedições comerciais, porém a contratação de mercenários estava fora de cogitação, por conta do traumático evento da Revolta das Minas. Porém as atividade comerciais da COU necessitavam de proteção e os Médici sabiam disso, por isso Staden que havia permanecido fiel a Angelo durante a Revolta das Minas, sugeriu a criação de uma pequena força militar que fosse recrutada e treinada por ele sob supervisão dos Angelo. A ideia foi vista inicialmente com desconfiança pela família Médici, porém vendo que não havia outra alternativa aceitaram a proposta. Sendo assim foram recrutados voluntários em toda colonia que seriam treinados por Staden sob supervisão de Angelo.

Angelo teve a ideia de se recrutar inicialmente apenas homens entre 14 e 21 anos de preferência órfãos para que fossem treinados. Eles assinariam um contrato com duração de 5 anos além de jurarem fidelidade total a COU. Foram recrutados inicialmente 120 homens que foram exaustivamente treinados por Staden e Angelo. Esses primerios soldados participaram da primeira expedição da COU na Ilha de Terra Nova, na América do Norte. Ao longo do tempo mais tropas foram recrutadas e treinadas pela COU participando de todas as campanhas e expedições da COU. Com o treinamento de novas tropas todos os navios mercantes COU passaram a contar com uma pequena guarnição militar para sua defesa

Com a construção de navios de guerra no Arsenal de Nova Florença a COU passou a recrutar tripulações e treina-las na Escola de Navegação fundada em 1566.

Em 1591 diante da expansão das atividades COU na região da Baltico a companhia entra em conflito com a Liga Hanseatica este conflito levou ao inicio da Guerra do Hansa que durou até 1595 e foi vencida pela COU. Apesar da grande superioridade numerica da Liga, as tropas da COU conseguiram obter grandes vitorias graças as suas taticas e treinamento superior de suas tropas.

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